Minha maior lembrança de Ayrton Senna

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Essa aqui é para os 35+. Qual a sua maior lembrança de Ayrton Senna?

Alguns de vocês vão pensar nos títulos, outros em vitórias inesquecíveis, e talvez os mais novos vão pensar já no Senninha.

A minha resposta é um pouco diferente. A minha primeira lembrança do Ayrton Senna não está diretamente ligada a ele, mas ao meu pai. E só percebi isso de verdade após assistir à série do Senna, na Netflix, que me desbloqueou várias memórias da infância que estavam escondidas.

Eu tinha 6 anos quando Senna passou reto na curva Tamburello e não voltou mais. E eu tinha 3 ou 4 anos a última vez que foi campeão. Não lembro de nenhuma corrida do Senna, eu era muito criança, só alguns pequenos fragmentos na memória já distante. Mas eu lembro de uma frase, de uma voz, de um grito de emoção.

“Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna do Brasil!”.

Mas não falo do Galvão Bueno. Falo do meu pai, que assim como milhões de brasileiros, assistia às corridas aos domingos e vibrava com as vitórias, repercutindo o grito que marcou uma geração.

Meu pai, esse texto é pra você. Assim como Senna foi muito ligado a seu pai, quero eu continuar sempre muito ligado a você também. E eu também lembro até hoje que ganhei um boné (aquele clássico do Nacional) e que você comprava pra mim as revistas em quadrinhos do Senninha – que foi uma das minhas primeiras leituras e abriu as portas inclusive pra minha profissão hoje.

Obrigado, Senna. Obrigado, Pai! Te vejo daqui uns dias, no Natal!

E pra você? Qual a sua maior lembrança de Ayrton Senna? E se ainda não assistiu à série: recomendo demais. Segura a emoção e vai!

Não faça seu público de palhaço nesta Black November

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Às vezes o marketing me deixa pistola.

Quase caí como um palhaço nesta Black November.

Era um anúncio de uma marca relativamente famosa de moda minimalista.

Era oferta + preço. A oferta era algo que me interessava. O preço estava em letras garrafais: R$99.

Achei interessante e cliquei, mas quando fui para o carrinho o preço subiu para mais de R$350.

Não entendi. Voltei no anúncio.

Em letras garrafais ainda estava lá o R$ 99. Mas em letras miúdas um “off” abaixo do número.

Eu aposto que este anunciante está arrebentando nas taxas de cliques e está achando que a campanha está sendo um sucesso.

E aposto também que a taxa de abandono de carrinho não está das menores.

Por mais que o desconto ainda seja atrativo, o sentimento de frustração tomou conta. Toda compra é emocional e eu não vou conseguir comprar nada de uma marca que tentou me enganar.

Não faça seu público de palhaço, ele é o que você tem de mais valioso. Um dia a conta chega, para o bem ou para o mal.

A surpresa é uma bela certeza

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Eu e minha esposa criamos um ritual. No dia do nosso casamento, colocamos dentro de uma caixa uma garrafa de vinho e uma carta ao futuro escrita por cada um de nós para ser aberta em 3 anos. Sem espiadinha, abrir só em 3 anos mesmo!

O combinado é que isso se repita nos próximos triênios e esse ano foi o primeiro em que abrimos a caixa. Na hora de abrir, pensei: “Puts, eu não lembro de nada que escrevi”. E aí bateu aquele preocupante questionamento de “Puts, será que conquistei o que queria? Será que fiquei pra trás?”.

A real é que foi bem esquisito e bem engraçado ler as nossas previsões. Teve tanta coisa que não aconteceu, tanta coisa que hoje pareceria inviável ou até mesmo que não faria sentido pra hoje. Teve até coisas que eu não gostaria de estar fazendo (Eu escrevi que teria mudado de cidade, por exemplo, sendo que hoje não consigo imaginar nenhum lugar melhor pra viver que não seja Floripa).

Choramos de rir nas duas cartas. Mas depois de ler as previsões nós começamos a lembrar de tudo de incrível que aconteceu e que não estava escrito.

E a gente sentiu que foi muito divertido errar. E depois sentimos que foi emocionante olhar pra trás e abraçar as surpresas que aconteceram.

Às vezes a gente quer ter controle sobre nosso futuro, mas existem tantas variáveis que não existe “controlar tudo”. Muitas vezes vão surgir oportunidades surpreendentes em nossos caminhos, e eu particularmente acho que essas são as melhores.

Alcançar o que a gente sonha pode ser bom. Mas, pra mim, melhor ainda é alcançar o que jamais imaginei. Justamente por isso eu sinto mais impacto quando “nem nos meus maiores sonhos eu imaginei” do que quando “sempre sonhei com isso”.

Ritual feito, escrevemos novamente como imaginamos que serão as nossas vidas daqui a 3 anos. Já aceitamos que vamos errar algumas coisas e que bom que isso vai acontecer. Aproveitar a jornada, não é?

Se você me perguntar se sei onde quero chegar, vou responder que “Sim, eu sei onde quero chegar, mas sei também que não é somente lá que eu quero estar”. Porque eu quero que nem nos meus maiores sonhos eu tenha conseguido imaginar tamanhas realizações. E olha que eu sonho muito!

É muito bom estar certo. Mas se surpreender (positivamente) é melhor!

Ah, e antes que você pergunte aqui. Sim, o vinho guardado durante 3 anos estava sensacional 🍷.

Ser é diferente de parecer ser

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Existe algo que eu não recomendo terceirizar: a sua escrita.

Porque produzir conteúdo próprio e autoral é um dos maiores diferenciais que um profissional pode ter. Já escrevi sobre isso aqui.

Não só pelo resultado que isso pode trazer em questão de imagem, networking, negócios etc. Mas pelo resultado que isso traz pra você, como pessoa. Escrever é uma das melhores ferramentas de autodesenvolvimento. E é gratuita!

Eu acho triste usar o GPT para escrever um artigo em seu nome. Mas acho mais triste ainda pagar um ghostwriter pra escrever para você. Acho um sinal de incapacidade. Talvez não técnica, mas no mínimo de organização e gestão de tempo.

Me orgulho de tudo o que escrevi ter sido feito por mim. Eu nunca contabilizei, mas deve ter sido mais de mil artigos, afinal escrevo desde os 16 anos e já tive uma dezena de blogs.

Só não me orgulho muito de já ter sido ghostwriter, mas ok, era começo de carreira e na época eu precisava de um dinheiro pra pagar as contas e escrevi o [não posso falar por conta de um contrato], publicado pelo [não posso falar por conta de um contrato].

Olha a ironia, já escrevi livro pra outra pessoa, mas não escrevi pra mim. A autossabotagem nunca me deixou continuar. Inclusive se você já se sentiu assim, me responde aqui e vamos trocar traumas hauhauhau.

Beleza, Flaubi, mas aonde você quer chegar? Queria chegar na seguinte questão: Você quer ser ou quer mostrar que é?

Porque são coisas muito diferentes. Uma planta artificial nunca vai ser uma planta por mais brilhante e viva que ela pareça ser. E quando você paga alguém pra escrever para você ou usa um robô pra isso, você não está sendo, você está mostrando que é (na prática está mostrando quem não é, pois não é você de verdade 😛). Complementando a lógica, você não está sendo planta, está sendo plástico.

Só pra fechar, não sou contra, sou é muito a favor do uso de automações e IA. Mas pra automatizar os cornojobs, as tarefas burocráticas, algumas variações de conteúdo, pequenos copies, analisar relatórios complexos, resumir reuniões, alguns criativos bem simples (como a imagem de destaque desse post, feita no midjourney, mas obviamente não usaria somente IA pra criar um conceito de uma grande campanha) entre outras coisas que sugam o meu tempo.

Se eu pudesse eu automatizaria tudo, mas não automatizaria ou terceirizaria a minha criatividade. Porque ser é melhor do que parecer ser, mesmo que seja com menos glamour.

🎵 Ao som de Radiohead – Fake Plastic Trees

A green plastic watering can
For a fake Chinese rubber plant
In a fake plastic earth
That she bought from a rubber man
In a town full of rubber plans
To get rid of itself

Infelizmente os dados sobre a tragédia no Rio Grande do Sul ainda são parciais

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Foto: Ricardo Stuckert / Agência Brasil

Eu vou seguir tentando sensibilizar e mobilizar a todos sobre o que está acontecendo. Tenho muitos amigos e colegas que vivem em outros Estados. E a gente precisa mais do que nunca continuar tendo esta atenção e ajuda do Brasil inteiro.

Vamos falar de dados então, obviamente e infelizmente são números incompletos e que ainda vão crescer, uma vez que a tragédia ainda está acontecendo e as chuvas devem continuar na próxima semana.

A fonte destes números são da Defesa Civil e do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres. Peguei os dados todos no Portal da CNM.

Vamos começar pelas cidades. Dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, 428 foram afetados. Nada menos do que 86% do Estado. Se isso ainda não é impactante, vamos aos detalhes da tragédia (de novo, parcial):

Impacto nas Habitações:

  • Danificadas: 76,2 mil
  • Destruídas:  9,1 mil
  • Total unidades habitacionais: 85,3 mil
  • Prejuízos na habitação: R$ 4,4 bilhões

Entenderam a dimensão disso? 85,3 mil residências atingidas, das quais 9,1 mil completamente destruídas.

Danos humanos

  • 107 mortos;
  • 518 desaparecidos;
  • 67,5 mil desabrigados;
  • 403,7 mil desalojados;
  • 8,4 mil feridos e enfermos;
  • 1,7 milhão de pessoas afetadas.

Isso é triste demais. Olhem o número de desaparecidos. Lembrando que estes são os desaparecidos registrados. É triste escrever isso, mas não consigo calcular onde isso pode chegar, não tem como…

Além disso, tem o forte impacto econômico nos setores privado e público que vão afetar a todos, inclusive você que mora longe.

Principais setores privados afetados:

  • Agricultura: R$ 811 milhões em prejuízos;
  • Pecuária: R$ 63 milhões em prejuízos;
  • Indústria: R$ 151,7 milhões em prejuízos;
  • Comércios locais: R$ 108,1 milhões em prejuízos;
  • Demais serviços: R$ 12,6 milhões. 

Principais setores públicos afetados:

  • Danos materiais (instalações públicas como escolas, hospitais, prefeituras): R$ 395,8 milhões em prejuízos
  • Obras de infraestrutura (pontes, estradas, calçamento, sistemas de drenagens urbanas etc.): R$ 1,4 bilhão em prejuízos;
  • Sistema de transportes: R$ 52,5 milhões em prejuízos;
  • Assistência médica emergencial: R$ 13,2 milhões em prejuízos;
  • Sistema de esgotamento sanitário: R$ 15,8 milhões em prejuízos;
  • Limpeza Urbana e remoção de escombros: R$ 31,5 milhões em prejuízos;
  • Geração e distribuição de energia elétrica: R$ 4,5 milhões em prejuízos;
  • Sistema de ensino: R$ 14,5 milhões em prejuízos;
  • Abastecimento de água: R$ 10,5 milhões em prejuízos;

Força para o Rio Grande do Sul. Seguimos em um período muito complicado em todo o Estado. Seguimos precisando de ajuda, financeira, voluntária, moral, que seja, qualquer ajuda aqui vai fazer a diferença na vida das pessoas atingidas.

Se você ainda não ajudou, doe qualquer quantia. Aqui no texto anterior indiquei alguns caminhos. Se já ajudou, talvez a gente precise de mais um pouco. Se não tem condições, tente fazer algo voluntário. Se estiver muito longe, tenta então seguir compartilhando. Você ainda pode mobilizar quem ainda não se sensibilizou, sabia?