Estamos prontos para nossos clones digitais?

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Para os entusiastas de IA, pode não ser tão novidade. Já faz alguns anos que estamos vendo early adopters criando versões digitais de si mesmos.

Se você ainda não viu nada parecido, não é porque não está no meio, é provavelmente porque não percebeu.

Eu lembro de um amigo que me enviou há uns 3 anos um vídeo dele fazendo um pitch do produto que ele vendia… em mandarim, idioma que ele não fala.

Era um clone quase perfeito.

Para quem estuda IA também já deve ter visto anúncios de infoprodutores comentando sobre a situação ou até mesmo empreendedores criando robôs vendedores que fazem ligações telefônicas em massa.

Mas essa semana, saiu uma matéria na Globo sobre o assunto. E isso tem o potencial de estourar um pouco mais a bolha. Querendo ou não, a TV aberta tem um potencial ainda bem relevante de levar atualidades a mais pessoas.

E nisso chega a hora de perguntar: Estamos prontos? Como vai ser? E se cada um de nós pudesse ter um clone digital para estar onde não podemos estar. Mas devemos estar onde não podemos estar? Devemos ser onipresentes?

A promessa da IA não é só a automação, é a multiplicação. Mas será que estar em todo lugar ao mesmo tempo não diminuiria nosso valor como humanos?

Pensei em algumas situações onde eu poderia usar um clone digital:

  • Para reuniões onde eu não posso estar presente – ou simplesmente não quero estar: Meu clone pode participar, falar como se fosse eu e criar um resumo sobre o que foi falado. Finalmente fazer da reunião, um email.
  • Para atender ligações telefônicas: É algo que eu não faço há muito tempo, já que é quase sempre spam.
  • Para apresentar vídeos em meu canal no youtube: Eu não tenho um por falta de tempo/priorização, mas se meu clone pode fazer esse trabalho por mim, então por que não?
  • Para reuniões comerciais: Meu clone pode vender para infinitas pessoas ao mesmo tempo, enquanto eu sou muito mais limitado e sou um só.
  • Para gravar cursos ou ministrar aulas: Um clone treinado com meu estilo de ensino poderia gravar as aulas por mim, mantendo o tom, o ritmo e até improvisos que eu mesmo usaria em sala de aula.

A grande ironia é que não seriam apenas meus clones na jogada. Do outro lado poderiam ser também os clones de colegas e amigos.

E nesse futuro maluco, estaríamos delegando todas as nossas interações para nossos clones e interagindo apenas com nós mesmos através de resumos.

Será que os clones digitais criariam uma nova forma de relacionamento? Teríamos pela frente um relacionamento artificial? Que não é mais human to human, mas AI to AI?

Que cenário distópico eu acabei de pensar…

A IA do ChatGPT quase me fez espalhar uma citação falsa

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Estou aqui escrevendo um texto 100% autoral, ouvindo as vozes da minha cabeça potencializadas por um cafézinho e algumas leituras que fiz mais cedo.

E antes de publicar, resolvi usar o ChatGPT para melhorar o texto. Queria principalmente pegar mais referências científicas e culturais sobre o que estou escrevendo.

E aí ele me veio com essa sugestão:


Sugestão de referência:

“E pensar que Isaac Asimov avisou — o futuro não seria dominado por robôs que nos atacam, mas por versões nossas que não cansam, não reclamam e entregam mais.”


Eu adoro o Asimov (provavelmente um dos autores mais visionários que esse mundo já viu), então pra garantir, perguntei de onde é essa citação, pois eu realmente gostei dela e era nova para mim.

Eis a resposta do Chat GPT.

Sigam usando com cuidado! É uma ferramenta maravilhosa, mas às vezes pode alucinar e confundir o trabalho.

Bom, pelo menos rendeu esse texto adicional e me fez, mais uma vez, olhar com muita cautela sobre o output que este modelo de IA nos proporciona.

E sobre o texto original? Vou voltar lá para editar e publicar em breve, livre de alucinações.

PS: Só um comentário óbvio de que isso não é nada contra IAs. Só mostrando que ao menos por enquanto, as IAs, assim como nós humanos, também erram. Só que a responsabilidade sobre esses erros não é da IA, é nossa.

Qual foi o seu primeiro emprego?

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Qual foi o seu primeiro emprego?

Me conta o seu, mas antes vou contar o meu.

Eu adoro essas histórias porque em muitos casos é algo completamente diferente do que a gente faz hoje. Ou não. Porque não tem regra.

Pode ser algo bem distante da sua profissão atual ou pode ser algo super próximo.

O meu primeiro emprego foi entregador de flyers (você pode chamar também de panfleteiro haha). Era um trabalho freelancer e eu ganhava (acho que) uns R$20 por tarde pra ficar no centro da cidade entregando flyers de uma loja de brinquedos. Nada mal para um jovenzinho de 15 anos.

O engraçado, no meu caso, é que poderia não ter nada a ver com a minha profissão hoje. Porque 2 anos depois eu entrei na faculdade de biomedicina (!).

Só que não durou muito.

Um ano e meio depois pensei melhor e mudei para a faculdade de comunicação. Um pouco mais pra frente, decidi me especializar em marketing.

E não, não me tornei profissional de marketing porque entreguei panfletos quando adolescente. Não existe esse romantismo. Foram outros motivos, outros caminhos.

Mas é engraçado pensar que, sem querer, minha jornada no marketing começou na adolescência, divulgando promoções de Barbies e Comandos em Ação.

Eu valorizo muito essa experiência e nunca vou esquecer dela. Não acho que o primeiro emprego necessariamente nos define ou nos guia para quem nos tornamos.

Mas é parte da nossa história e, muitas vezes, um primeiro impulso para coisas maiores.

Como saber o que é de verdade e o que é de mentira em um oceano de conteúdos gerados por IA?

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Você já deve ter visto vários vídeos super realistas feitos com IA nas últimas semanas. Não (mais) só na publicidade, mas em muitos perfis humorísticos também.

Você deve ter se perguntado se é ético ou não.

Você deve ter ficado empolgado com a facilidade de criação que isso trouxe.

Você deve ter se preocupado com o impacto que isso pode ter na produção de fake news — e imaginado como serão as próximas eleições.

Você deve ter ficado animado com a redução de custos para seu negócio.

Há várias reações possíveis, e eu tive todas as descritas acima, em diferentes momentos.

Mas, à medida que as produções ficam cada vez mais perfeitas, baratas e rápidas, eu pensei no futuro disso tudo.

Agora que nivelamos o jogo e qualquer empresa ou pessoa consegue gerar vídeos realistas a custos baixos, como vamos decifrar o que é verdade ou não?


(Gancho paralelo: talvez a gente esteja mais perto de não saber mais o que é verdade e que nossa noção de realidade seja toda baseada em como interpretamos os fatos e não como eles são, de fato. Na verdade, já é um pouco assim, mas a tendência é que fique ainda mais explícito. Mas eu vou deixar essa filosofada pra outro dia).


Eu tenho um palpite.

Vai ganhar sempre quem tem mais credibilidade, marca, reputação.

Por quê?

Porque quem tem, tem medo.

E credibilidade é tão difícil de construir que ninguém quer jogar fora.

(E mesmo assim, algumas ainda se arriscam ao reportarem um canguru impedido de embarcar no aeroporto…)


Portanto, caros colegas, se vocês ainda não começaram, comecem o quanto antes a construir suas marcas e a investir em branding.

Talvez marca seja agora o pilar mais importante para o marketing das empresas.

Não o único.

Mas, na dúvida, quem tem mais autoridade ganha.

E como comentei antes, o jogo está nivelando. Só performance não é mais suficiente.

Quando o cliente não entende o que você vende: o que aprendi e como resolvi em 3 situações diferentes

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Se o seu cliente não entende o valor do que você faz, não adianta ter o melhor produto do mundo. Você vai perder a venda antes mesmo de começar.

Já passei por isso direto em muitas startups que trabalhei ou que prestei consultoria.

Falo de startups incríveis, com produtos que realmente resolvem uma dor, mas quando chega a hora de explicar pro cliente, o cliente fica: “ahn?”

Lembrei aqui de 3 situações que já passei e dificultaram essa percepção de uma boa proposta de valor por parte do cliente.

Com muito orgulho compartilho aqui três grandes erros que cometi 😂, mas escrevo também algumas soluções encontradas pela equipe.

Situação 1: Quando falta conexão entre as áreas de negócio

Problema: Marketing comunica uma mensagem, o comercial faz uma abordagem diferente e o cliente se sente confuso.

Esse é um clássico e eu escrevo sobre esse assunto desde 2015, quando era editor do blog da Resultados Digitais. Mas ainda acontece, inclusive em empresas maduras, acredite.

Como resolvemos:

  • Alinhamos não só o funil, mas também a mensagem: cada apresentação comercial, proposta e pitch passaram a falar a mesma língua. Equipes unidas em torno de um único objetivo: vender.
  • Não deixamos o comercial se virar sozinho. Como marketing, assumimos o papel de garantir clareza, criando pontes e não muros.
  • Disponibilizamos battlecards para a equipe comercial conhecer forças e fraquezas de competidores
  • Criamos materiais com as principais frases e argumentos que vendas poderia usar com segurança.
  • Nos reunimos semanalmente (e em alguns momentos, diariamente) com o time comercial para contar em detalhe todas as campanhas e materiais que estavam sendo lançados.

Situação 2: Quando você está vendendo um produto que não está pronto

Problema: Marketing comunica o futuro, vendas vende um sonho e o cliente não consegue ver a promessa se traduzir em produto.

Essa é difícil porque se o cliente tem problema agora, ele não pode esperar, muito menos pagar antecipadamente por algo que ainda não chegou. Mas é um caso comum, principalmente em startups que precisam validar um MVP.

Como resolvemos:

  • Com o MVP rodando, deixamos as equipes de suporte e produto coladas no cliente para garantir entrega de valor, cientes de que isso aumentaria nossos custos de operação;
  • Priorizamos feedbacks reais no roadmap e fomos transparente com o cliente sobre o que ainda estava em construção;
  • Apesar disso, criamos limites para que a equipe não se torne completamente reativa aos desejos do cliente, foi preciso dosar o nível de personalização;
  • Criamos cases de sucesso com os primeiros clientes e demos o maior destaque possível para eles, ajudando a gerar visibilidade para seus negócios;
  • Liberamos lançamentos antes de todo mundo para os mais antigos. O cliente não quer ser cobaia, mas ele vai adorar ter acesso a novas funcionalidades sem precisar pagar a mais.
  • Estando mais próximos ao cliente, entendemos melhor as dores e os perfis que mais fariam sentido. Funcionou como base para a criação das mensagens e campanhas futuras.

Situação 3: Quando você tem um ICP mal definido

Problema: Marketing comunica super bem, vendas está muito bem alinhado com o discurso, mas o cliente percebe que o produto não é para ele.

Esse também é difícil porque exige mudanças de rotas muitas vezes agressivas. Não só em segmentação de anúncios ou mensagem, mas no processo comercial também.

Como resolvemos:

  • Mapeamos quem realmente usa o produto e quem fica. Não adianta só fechar vendas, é preciso fechar vendas que ficam. Todo mundo sabe disso, mas é incrível como muitos ainda ignoram e continuam enchendo o balde furado;
  • Ajustamos a estratégia para falar com o cliente certo. Isso inclui segmentar campanhas e refinar mensagens;
  • Cortamos clientes errados. Sim, deixamos de vender para clientes que estavam fora do ICP. Fazer esse corte e reajustar a rota teve um custo alto e exigiu muito sangue frio. Mas continuar errando seria o caminho perfeito para a beira do precipício;
  • Envolvemos o time de produto e tecnologia nos negócios: clientes ideais são definidos não só por marketing e vendas, mas por quem domina o produto e por quem tem a visão de negócio futura.

No final das contas, a proposta de valor não é sobre o que você acha que vende, é sobre como você ajuda seus clientes.

A solução é menos tecnológica do que parece. É “só” manter o time em sintonia.

Parece simples, mas é o mais difícil e uma das funções que mais exige habilidades humanas.